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domingo, 26 de abril de 2015

EDITORIAL - 9º ANO

Editorial: artigo de opinião em que se discute uma questão ou assunto, apresentando-se o ponto de vista do jornal, da empresa jornalística ou do redator-chefe, da emissora de rádio ou televisão ou do responsável pelo programa. É também conhecido como artigo de fundo. Não vem assinado, diferentemente dos artigos de opinião.
"A mulher no poder"

Carregada de simbolismos e desafios, a chegada da primeira mulher à Presidência da República marca a história do País. Do alto dos mais de 55 milhões de votos, Dilma Vana Rousseff conquistou neste domingo 31, aos 62 anos, a condição de 36º ocupante do cargo. É a 19ª vez que a escolha foi feita pelo voto direto. E a ascensão de Dilma completa alguns ciclos importantes na trajetória política do País. Há exatos 25 anos era decretado o fim do regime militar, contra o qual ela lutou, pegando inclusive em armas para resistir à ditadura. Com Dilma, a geração que nos anos 60/70 defendeu ideias revolucionárias finalmente assume o poder. Já se vão mais de oito décadas desde que as primeiras mulheres obtiveram o título de eleitor e o direito a votar. E de lá para cá o colégio eleitoral assumiu uma condição majoritariamente feminina – neste ano, 70,3 milhões de eleitores são mulheres, cinco milhões a mais que os homens, ou 51,8% do total. É um sinal importante.
O Brasil, que por séculos subjugou o papel feminino, que ainda hoje ignora direitos básicos da mulher e lhe impõe a injustiça financeira e profissional no mercado de trabalho, colocou uma delas no posto máximo da Nação. Já não era sem tempo. Grandes mulheres no último século estiveram no comando e fizeram a diferença. De Indira Gandhi, na Índia, a Golda Meir, em Israel, passando por Margaret Thatcher na Inglaterra, muitas deixaram a marca de estadistas. Na nova geração, Dilma vem se unir a Angela Merkel, da Alemanha, e Cristina Kirchner, da Argentina – além de Michelle Bachelet, do Chile, que acaba de deixar o posto – como dirigentes-chaves a influir nos destinos globais.
Sem precedentes, Dilma tomará posse como primeiro mandatário a contar com uma maioria absoluta de deputados e senadores aliados, conquistada diretamente nas urnas e não através do balcão de negócios fisiológicos do Congresso. Assim a ex-guerrilheira, a ex-ministra de Lula, a técnica detalhista, a aluna aplicada do Colégio Sion, a menina da burguesia mineira terá condições excepcionais para governar. Levada ao poder pelas mãos de um líder carismático e no bojo de uma economia que segue com resultados promissores, ela encontrará também enormes batalhas pela frente. Na liturgia do cargo terá de unificar correntes, driblar preconceitos e encaminhar as esperadas – e necessárias – reformas política e tributária. Nesse último aspecto, brasileiros de todas as vertentes e credos almejam que, pela primeira vez de fato, um chefe de Estado tenha coragem e disposição de rever a complexa estrutura de impostos, que hoje faz do governo sócio em quase metade de tudo produzido aqui. Só assim será possível garantir a permanência do País no trilho do desenvolvimento e da equidade social.
É bem verdade que a vitória de Dilma pode se explicar em parte pela inclusão – com quase 30 milhões de novos consumidores incorporados à economia –, mas essa ainda é uma Nação injusta, dividida, pobre e com atrasos latentes em várias áreas e regiões. Uma boa perspectiva e esperança se abrem com a promessa da presidente eleita de escalar como a maior de suas metas a erradicação da pobreza. Pelo perfil técnico e absolutamente pragmático na tomada de decisões, Dilma carrega reais chances de conduzir, com equilíbrio e eficiência, a gestão da coisa pública. Mas precisa mitigar a imagem que lhe foi imputada de uma administradora a favor do Estado inchado e controlador e, acima de tudo, estabelecer uma marca de realizações que a diferencie daquela mitificada e incandescente do seu mentor.
Interna e externamente, há um longo trabalho a realizar. O mundo já vê o Brasil com olhos bem diferentes, dentro do prisma de desenvolvimento acelerado e das reformas sociais em andamento. E com Dilma aguardam uma política externa mais pragmática, menos ideológica e passional, sem a preocupação de um protagonismo exacerbado. No plano nacional, o discurso de união terá de entrar imediatamente na ordem do dia. E ela já sinalizou com isso. Na mensagem de vitória, pregou a necessidade de diálogo com a oposição, de um projeto conciliador que consolide o Brasil entre as maiores repúblicas democráticas do mundo. Por esse caminho, Dilma começa bem.

RESPONDA AS QUESTÕES ABAIXO DE ACORDO COM O TEXTO ACIMA:

1ª) Qual o tema desse editorial?
2ª) Qual o número de votos recebidos por Dilma?
3ª) O editorial fala de algumas conquistas importantes para a democracia brasileira. Destaque essas conquistas e explique como a vitória de Dilma se insere nelas.
4ª) Indique algumas mulheres que, nos últimos anos, conquistaram cargos importantes no poder.
5ª) Que desafios a presidente terá, segundo o editorial?
6ª) Por que o editorial afirma que a presidente começa bem o seu futuro governo?


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